As relações entre Design e Indústria Cultural são o tema da terceira edição do REVELA. Esta temática marca a constante atividade do Centro de Design do Recife nos diálogos do Design no campo da cultura. Parte dessa abordagem, tanto técnica, quanto filosófica, para expor seus dilemas e contradições, mas também para apresentar convergências e novas possibilidades criativas.
Na contemporaneidade, a dinâmica criação / produção / divulgação / consumo se dá a partir do jogo, muitas vezes lúdico mesmo, entre tensões como invenção x padronização, despersonalização x originalidade, exclusividade x reprodução, unicidade x seriação, sem perder de vista a memória cultural e a sustentabilidade.
Para propiciar tão vasta gama de diálogos, foram convidados profissionais atuantes nacional e internacionalmente em diversas áreas do Design – branding, curadoria, design de produto sustentável, design de superfície e moda – para um ciclo de palestras e oficinas. O acesso a todas as atividades será gratuito e aberto a profissionais, estudantes e demais interessados, sejam de design ou de áreas relacionadas.
Acima, cartaz criado pela mooz, responsável pela terceira vez pela identidade visual do evento.
Descobri o fotógrafo holandês Erwin Olaf na capa da Flavorpill London #261. Fiquei impressionado com a produção e o tratamento das suas fotos, mas principalmente com as cores. Todas as fotos parecem nos transportar pra um universo diferente, que não é nosso mas parece ter existido em algum lugar perdido no tempo. Trabalho de mestre.
No início de setembro, eu estava fuçando o iTunes de uma amiga e vi a capa do álbum "Unfamiliar Faces", de Matt Costa. Na mesma hora lembrei de ter visto essa capa inúmeras vezes no site da Apple, sempre em propagandas do iPod. Fiquei curioso e escutei "Acting like a fool", do EP homônimo "Matt Costa", primeiro trabalho dele. Foi amor à primeira audição.
Matt é americano (seu pai é português, daí o "Costa") e ganhou seu primeiro violão aos 12 anos, mas deixou-o de lado para se dedicar ao skate. Em 2003, um acidente ferrou sua perna e acabou com sua carreira de skatista profissional. Ele teve de ficar dezoito meses e repouso e acabou recorrendo ao violão. Ainda bem.
Pouco tempo depois de gravar as primeiras músicas em casa, ele foi descoberto pelo guitarrista do No Doubt, Tom Dumont. Daí saíram o primeiro EP e o álbum "Songs We Sing", meu favorito. Matt então fez turnê com Jack Johnson, abrindo seus shows nos Estados Unidos e na Europa. Depois veio "The Elasmosaurus EP" e finalmente, em 2008, "Unfamiliar Faces".
As músicas de Matt são simples, com uma levada acústica e perfeitas para qualquer momento. Com certeza uma das melhores coisas que surgiu na música nos últimos anos.
O fotógrafo, diretor e cameraman Gregor Törzs construiu um suporte para câmera que permitiu filmar e tirar fotos praticamente do mesmo ângulo para o filme Once Upon A Time in Istambul, da grife alemã Tom Tailor. O resultado foi uma série de belíssimas fotos, além do filme em si, mostrando toda a beleza de momentos passageiros capturados com maestria.
Depois de oito meses d'A Prancheta, finalmente cheguei ao centésimo post e para não passar em branco, decidi fazer algo especial. Convidei nove dentre vários amigos que admiro para contribuírem num post antológico comemorativo (hehehe).
As indicações abaixo não estão dentro dos temas que normalmente abordo aqui no blog, pois deixei que cada um escrevesse sobre o que quisesse, o que torna este post ainda mais legal. Bem, sem mais enrolação, fiquem com o Post 100.
ANA MARIA BIANCHI
¨Eu indico um filme e uma pessoa... O filme é O Povo Brasileiro e a pessoa é o antropólogo Darcy Ribeiro. O filme foi baseado na obra dele 'O Povo Brasileiro' que traz um histórico da formação do nosso povo, estruturado nas matrizes do índio, do negro e do português e posteriormente se transformando e se formando com outros europeus, com o caipira, o sertanejo e por aí vai. Uma das frases que Darcy nos fala no filme e que me marcou e me inspira muito é 'A coisa mais importante para os brasileiros é inventar o Brasil que queremos'."
O filme está completo no YouTube, e aqui vai a primeira parte, a Matriz Tupi A.
CECÍLIA JÁCOME
"Esses dias descobri por acaso a estilista inglesa Jenny Packham. Apesar de ela já estar fazendo sucesso no jet set holywoodiano, ainda não tinha ouvido falar nela... Dei de cara com os looks do último desfile na London Fashion Week que foi há 2 semanas atrás. Fiquei apaixonada por tudo que vi ... quem sabe um dia uso um desses!"
DANIEL EDMUNDSON
"É complicado pensar em apenas uma referência FODA. Bem, decidi que minha indicação seria a revista Beast, do designer alemão THS. Essa revista mudou a minha vida. Me lembro de quando a ficava vendo com Inoue, uma revista com ilustrações e projeto gráfico como nunca tinha visto antes.
A idéia, desde o início, era ter 12 edições, cada uma com um tema diferente e ilustrações do próprio THS e de convidados. Assim fui conhecendo nomes do design mundial como Eduardo Recife. Quando o projeto estava perto de acabar, lá pela nona edição, fui ficando nervoso. Não queria que aquilo acabasse, achava burrice e até injusto! Foi Inoue que me ajudou a perceber que regras são necessárias e isso se mostrou muito forte nessa revista completamente louca. O próprio criador disse que a força da revista estava exatamente nisso: ela teria um começo, um meio e um fim. Isso é genial.
Além das ilustrações maravilhosas e das “regras” do projeto gráfico ela tinha um humor incrível. O próprio designer criou uma personagem que era “inimigo” da revista: o Hans, um publicitário bem sucedido que ficava mandando postcards das suas viagens pelo mundo tirando onda da Beast. Ele chegou a criar uma edição inteira diagramada pelo Hans (a número 10) e uma campanha contra a revista. Vale a pena ler todas, na ordem cronológica para entender melhor essa personagem.
O ar de descuido da revista é totalmente proposital, tudo tem o seu lugar e é muito bem pensado. Vale a pena baixar todas e guardar. Por isso, pra mim, a Beast é a melhor referência de todos os tempos. Alguns anos depois, é possível ver um pouco dessa referência nas revistas produzidas pela mooz (Coquetel Molotov 1, 2 e 3 / Revista da AMPLA 9 e 10 / Vacatussa 2ois e tr3s)."
DANIEL PINHEIRO
"Duda, que desafio do caralho. Eu realmente fiquei embananado com isso. Tem coisa demais na internet, referência demais, assuntos bons pra caralho pra tratar. Fica difícil escolher uma única coisa fuderosamente fuderosa. Ultimamente, eu acho que uma das coisas que mais me impressionou foi esse treco aí do vídeo acima, Sketch Furniture by FRONT. Nem sei se é verdade, mas prefiro acreditar. Caralho. Já imaginasse véio? Desse jeito, eu vou conseguir desenhar qualquer merda porra, que vira verdade. Daqui a pouco o cara faz a própria mulher, que nem naquele filme. Que negócio foda do cacete. Tu já deve conhecer. Mas saca aí."
GUSTAVO GUSMÃO
"Depois de muito pensar sobre o assunto (mentira!) eu decidi compartilhar com vocês um blog que me caiu como uma inspiração divina nesses tempos de crise mundial, alta do dólar e falta de higiene pessoal. Tô falando do Meu Nome ainda é Regina. Acessei o blog hoje pela primeira vez, apesar de raulzito sempre me mandar entrar, mas eu ficava ignorando, até que cedi à pressão. Leiam, divirtam-se e façam sua higiene íntima direitinho (isso não é problema, porque a Regina é craque nisso... ela dá altos toques)."
HEITOR FREITAS
"Descobrir essa moça foi um presente do destino. Ela é dona de um sensibilidade que, por incrível que pareça, ultrapassa o seu nível técnico; e tem uma musicalidade que é coisa de outro mundo.
Bem, ninguém sabia da existência dela aqui em recife. Agora umas 67 pessoas já tiveram o enorme prazer de ouvi-la graças a mim. Por isso eu tô adorando a oportunidade de participar desse post comemorativo. Agora mais e mais pessoas poderão se deliciar com essa japinha marota. Com vocês: Hiromi Uehara."
LUANDA BARROS
"Mãe, eu quero brócolis.
Nessa fase mãe em tempo integral todo dia eu descubro uma coisa nova. Gente, é inacreditável a quantidade de coisas que existem para mães e crianças. Na internet é possivel encontrar de um tudo: desde serviços inusitados como uma troca de mães, para quem precisa deixar os filhos sob os cuidados de outras pessoas, até... as bento box. No bom português, são marmitas, mas os japoneses transformaram esses recipientes em divertidas caixinhas que deixam qualquer comida com cara de brincadeira.
Espero que o João fique inspirado e peça brócolis na sua lancheira da escola."
MARINA PONTUAL
"Em uma das minhas intermináveis 'cavuscadas' no ffffound, fui quase hipnotizada por essa imagem:
Num primeiro momento, achei q fosse uma ilustração. Mas para minha grata surpresa, ao clicar e ver a foto ampliada, me deparei com uma fotografia de uma escultura feita somente de papéis coloridos, da artista americana Jen Stark. Fiquei fascinada pelo efeito volumétrico, pela perspectiva, pelo colorido... Enfim, amor à primeira vista!
Resolvi entrar no site da artista e me deparei com uma exposição repleta de esculturas com o mesmo tema, usando o mesmo material, mas criando formas, volumes e sensações diversas e indescritíveis. A habilidade com os papéis, a genialidade das formas, o colorido das esculturas me deixaram encantada e completamente perplexa. Os trabalhos são carregados, simultaneamente, de uma simplicidade óbvia e de uma complexidade indecifrável.
E para um deleite ainda maior, a artista também encanta pelas ilustrações belíssimas, orgânicas e coloridíssimas. Acho que grande parte do meu fascínio pelo trabalho de Jen se deve ao incansável colorido que ela aplica às suas criações. Digo isso porque as cores e suas combinações sempre me fascinaram muito, desde muito nova... Me lembro perfeitamente de que quando era criança cheguei a criar uma 'sociedade das cores' na minha cabeça, onde existia toda uma hierarquia de importância, idade e nível social e cada cor tinha sua personalidade, suas aspirações, assim como também existia toda uma gama de relacionamentos entre as mesmas. Com tanto fascínio pelo 'colorful', na vida passada eu devo ter sido uma militante do movimento gay de São Francisco! Hehehehehe..."
NATÁLIA ALEM
"Eu pensei um bocado na tarefa que Duda incumbiu a mim e decidi que queria falar de beleza. De como apenas olhar aquilo que é belo nos dá prazer. Mas eu queria mais. Eu queria falar da beleza além dos padrões socialmente estabelecidos. Eu sei que tem toda aquela conversa de que a beleza é aquilo que nós aprendemos a enxergar como belo e tal, e daí eu queria fazer um convite pra que, por um instante, a gente se libertasse desse conceito pré-estabelecido do que é belo e experimentasse olhar com olhos livres pras coisas ao nosso redor. Queria convidar a uma tentativa de enxergar aquela beleza cujo conceito nasceu conosco, com cada um de nós e, por ser um conceito tão pulverizado e íntimo, acaba menosprezado e esquecido, numa espécie de padronização do que pode ser visto como belo ou não.
Enfim, o convite é pra que cada um experimente a si próprio e busque, sem preconceitos, enxergar a beleza ao seu redor. E aí eu trago aqui um site que eu conheço há muitos anos e considero fodíssimo, um dos maiores (se não for o maior) sites de modificação corporal que há: BMEzine.com. E então eu questiono qual a diferença entre um implante nos seios ou na bunda e um implante em qualquer outra parte do corpo? Qual a diferença entre uma maquiagem definitiva e uma tatuagem no rosto? E qual é a das unhas postiças, por favor? Tudo isso retrata a busca do belo, a realização pessoal. A diferença, a meu ver, é o padrão socialmente difundido e estabelecido de beleza. E eu adoraria que cada um de nós realizasse um verdadeiro exercício de individualidade e liberdade e experimentasse buscar em si aquilo que pode enxergar como sendo belo, sem amarras ou preconceitos. Queria, simplesmente, que vocês tentassem entender que há quem ache beleza em tantas outras coisas que vale a pena cada um de nós procurar por ela. E que ninguém mais precisa achar belo, além de nós. A beleza, como já diz o ditado, está nos olhos de quem vê."